01 de Outubro de 2018
Enfim institucionalmente listado,
Tinha acabado de ser chamado para um part-time no Mc Donald's. Na semana anterior quando a senhora me telefonou a informar-me da notícia foi uma surpresa para mim. Na entrevista de grupo aparentemente as outras pessoas tinham-se feito notar muito mais, daí ter-me subvalorizado.
A manhã da consulta de medicina do trabalho e de formação teórica, 28 de Setembro, foi de relativa boa-disposição e entusiasmo para mim.
01 de Outubro foi o primeiro dia de trabalho. Assustei-me. A rapidez e eficácia com que toda a gente exercia as diversas funções fez-me durante dois ou três dias criar minhocas da cabeça acerca da minha possível inadaptação a tudo e portanto da perda do meu primeiro "emprego".
A faculdade...bem...só ganhei coragem para pôr lá os pés no dia 2, tinha feito a inscrição no dia 27. Não foi assim tão mau (esperem). A primeira aula a que assisti, pelo menos oficialmente, foi a teórico-prática de Análise Sociológica (a grosso modo um aprofundamento do estudo das áreas rurais que se faz na disciplina de Geografia A do secundário). Vou dar-vos a vocês o papel de tentarem descobrir o curso.
Felizmente fiquei noutra turma que não aquela em que me infiltrei sem sucesso duas semanas antes, portanto ninguém me conhecia. Faltei propositadamente à aula teórico-prática de Álgebra já que a professora era a mesma. À primeira vista pareceu-me muito boa professora, daquelas que faz uns apartes de curiosidades enquanto expõe a matéria interligando-a com outras áreas do conhecimento e até com a arte, mas o medo falou mais alto (medo de quê perguntam-se vocês?)
Houve uma vez que me enganei na sala e fui parar à da turma errada, estavam lá umas raparigas muito simpáticas que meteram conversa comigo no dia 17 de Setembro e se sentaram ao meu lado no refeitório. "Então não te tenho visto." "És da nossa turma?" "Sim" (só que não, estava-me a convencer de novo que estava na turma delas, mas não era de todo verdade, apenas tínhamos a mesma aula com professores diferentes àquela hora), lá me encaminharam, ao louco, para a sala correta.
Os dias foram passando. A carga horária que me meteram a trabalhar subiu de 30 horas para 33, de 33 para 35. Não era isso que queria quando me submeti a uma entrevista. Acabei por aceitar temporariamente o paradigma motivando-me pelo dinheiro a mais que ganharia. Na minha cabeça aguentaria a rotina. Acordar antes das 6 para chegar à faculdade às 8. Ir direto da faculdade para o trabalho e chegar a casa depois das 22. Não dá. Não sou suficientemente disciplinado na prática. Acabei por faltar a bastantes aulas para ficar mais tempo na cama. Pedi redução de horário. O meu pedido foi atendido. Entretanto já era tarde de mais. A matéria acumulava-se como uma bola de neve e estudar? Népia. O scroll nas redes sociais então é fodido.
Matam-se e inutilizam-se tempos mortos.
Entretanto já havia um trabalho de Biologia Celular e Microbiologia para apresentar. Eu não sabia nada. Nada. Mas não foi por isso que não fiz o trabalho. Três rapazes aceitaram-me no grupo deles. Perguntei a um deles com uma semana de antecedência a que dia nos íamos reunir, ao que ele respondeu que logo se veria. Está bem, não insisti. Eu estava mesmo muito à toa em relação à faculdade, não estava a levar aquilo muito a sério. Mas eu quero estudar isto, e continuo a querer.
Na semana seguinte no final de uma aula laboratorial de Química o R vem ter comigo e anuncia sem questionar disponibilidades "Amanhã é para fazermos o trabalho a tarde toda, é para entregar depois de amanhã". Eu estava chocado, nem tinha a tarde toda devido ao compromisso não só laboral mas também de uma consulta e só naquele momento soube a data de apresentação do trabalho. Não estava à espera que a elaboração do trabalho fosse planeada em cima do acontecimento. Eu fiquei sem palavras, mas sorridente. O incrível é isso, eu estou sempre aparentemente descontraído e sorridente. E realmente é porque estou. Mas logo me vejo num buraco do qual não consigo sair. E encolho-me, como um feto.
Não apareci mais na faculdade.
Tinha acabado de ser chamado para um part-time no Mc Donald's. Na semana anterior quando a senhora me telefonou a informar-me da notícia foi uma surpresa para mim. Na entrevista de grupo aparentemente as outras pessoas tinham-se feito notar muito mais, daí ter-me subvalorizado.
A manhã da consulta de medicina do trabalho e de formação teórica, 28 de Setembro, foi de relativa boa-disposição e entusiasmo para mim.
01 de Outubro foi o primeiro dia de trabalho. Assustei-me. A rapidez e eficácia com que toda a gente exercia as diversas funções fez-me durante dois ou três dias criar minhocas da cabeça acerca da minha possível inadaptação a tudo e portanto da perda do meu primeiro "emprego".
A faculdade...bem...só ganhei coragem para pôr lá os pés no dia 2, tinha feito a inscrição no dia 27. Não foi assim tão mau (esperem). A primeira aula a que assisti, pelo menos oficialmente, foi a teórico-prática de Análise Sociológica (a grosso modo um aprofundamento do estudo das áreas rurais que se faz na disciplina de Geografia A do secundário). Vou dar-vos a vocês o papel de tentarem descobrir o curso.
Felizmente fiquei noutra turma que não aquela em que me infiltrei sem sucesso duas semanas antes, portanto ninguém me conhecia. Faltei propositadamente à aula teórico-prática de Álgebra já que a professora era a mesma. À primeira vista pareceu-me muito boa professora, daquelas que faz uns apartes de curiosidades enquanto expõe a matéria interligando-a com outras áreas do conhecimento e até com a arte, mas o medo falou mais alto (medo de quê perguntam-se vocês?)
Houve uma vez que me enganei na sala e fui parar à da turma errada, estavam lá umas raparigas muito simpáticas que meteram conversa comigo no dia 17 de Setembro e se sentaram ao meu lado no refeitório. "Então não te tenho visto." "És da nossa turma?" "Sim" (só que não, estava-me a convencer de novo que estava na turma delas, mas não era de todo verdade, apenas tínhamos a mesma aula com professores diferentes àquela hora), lá me encaminharam, ao louco, para a sala correta.
Os dias foram passando. A carga horária que me meteram a trabalhar subiu de 30 horas para 33, de 33 para 35. Não era isso que queria quando me submeti a uma entrevista. Acabei por aceitar temporariamente o paradigma motivando-me pelo dinheiro a mais que ganharia. Na minha cabeça aguentaria a rotina. Acordar antes das 6 para chegar à faculdade às 8. Ir direto da faculdade para o trabalho e chegar a casa depois das 22. Não dá. Não sou suficientemente disciplinado na prática. Acabei por faltar a bastantes aulas para ficar mais tempo na cama. Pedi redução de horário. O meu pedido foi atendido. Entretanto já era tarde de mais. A matéria acumulava-se como uma bola de neve e estudar? Népia. O scroll nas redes sociais então é fodido.
Matam-se e inutilizam-se tempos mortos.
Entretanto já havia um trabalho de Biologia Celular e Microbiologia para apresentar. Eu não sabia nada. Nada. Mas não foi por isso que não fiz o trabalho. Três rapazes aceitaram-me no grupo deles. Perguntei a um deles com uma semana de antecedência a que dia nos íamos reunir, ao que ele respondeu que logo se veria. Está bem, não insisti. Eu estava mesmo muito à toa em relação à faculdade, não estava a levar aquilo muito a sério. Mas eu quero estudar isto, e continuo a querer.
Na semana seguinte no final de uma aula laboratorial de Química o R vem ter comigo e anuncia sem questionar disponibilidades "Amanhã é para fazermos o trabalho a tarde toda, é para entregar depois de amanhã". Eu estava chocado, nem tinha a tarde toda devido ao compromisso não só laboral mas também de uma consulta e só naquele momento soube a data de apresentação do trabalho. Não estava à espera que a elaboração do trabalho fosse planeada em cima do acontecimento. Eu fiquei sem palavras, mas sorridente. O incrível é isso, eu estou sempre aparentemente descontraído e sorridente. E realmente é porque estou. Mas logo me vejo num buraco do qual não consigo sair. E encolho-me, como um feto.
Não apareci mais na faculdade.
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